Malaca #1

Desde que chegámos a Singapura, um dos nossos destinos a visitar era Malaca. Tivemos tudo combinado por duas vezes, mas quis o destino que só agora tivessemos esta oportunidade de visitar uma ex-colónia portuguesa.
Aproveitamos o fim-de-semana prolongado do ano novo chinês e numa noite planeámos tudo. O facto de ter carro facilita muito este tipo de viagens, sobretudo com um bebé.
As minhas expectativas estavam muito baixas, pois a maior parte das pessoas diz que não vale a pena. Mas nós somos teimosos e a nossa curiosidade era enorme, por isso, nada como ver para crer!
Quando terminámos de carregar o carro com as malas era quase hora de almoço da pequenada. Então para não perder mais tempo, fizemos um pic-nic no carro, comprámos pizza e lá fomos nós. Excusado será dizer que adoraram, até a Baby M.😃!
Duas horas e meia depois de estar na estrada chegámos a Malaca. Ficámos no centro da cidade, mesmo ao pé do centro histórico, o que facilitou imenso, pois possibilita visitar a maior parte dos monumentos a pé.
A nossa maior curiosidade era visitar a parte portuguesa, por isso, 
rumámos até ao 'Portuguese Settlement', o bairro português,
O bairro português é um bairro periférico onde vivem cerca de dois mil descendentes de portugueses, predominantemente católicos e conhecidos localmente como “Eurasians”.  
De repente, as ruas começaram a ter nomes de descobridores portugueses e de nomes de famílias portuguesas.
Chegámos à Praça Portuguesa, um espaço ao ar livre, com vários palcos onde, ao sábado à noite, é normal haver música e danças inspiradas no folclore e nas festas tradicionais portuguesas, mas era domingo e véspera de ano novo chinês e não tivemos o prazer de assistir a esse belo espectáculo! O museu também estava fechado e penso que só está aberto de manhã! 

Olhando em redor, a arquitectura dos edifícios da  praça em nada remete para a traça portuguesa. Mas todos os restaurantes da praça exibiam letreiros a anunciar a gastronomia lusa.
Somos completamente assediados por imensos empregados para escolher as suas tasquinhas. Claro que disse que erámos portugueses, e a maior parte dos empregados ainda sabe falar português. Dizem que é o português antigo, mas fiquei bastante impressionada, porque já lá vão 500 anos e muitos povos habitaram em Malaca depois de nós.
Os restaurantes têm cartazes que servem comida portuguesa, alguns têm nomes portugueses, mas infelizmente todos os pratos são mais de origem indiana e malaia do que portuguesa.
O mais perto que encontrámos de um possível prato português, estas lulas e estavam uma verdadeira delícia!
Esta é a esplanada...
Com mais de 10 tasquinhas diferentes,
Depois do petisco, e como ainda tinhamos tempo, fomos até à ilha de Malaca, e tive a oportunidade de ver a mais bela Mesquita de sempre,
Esta ilha tem imensos planos de expansão e caso terminem, parece um bocadinho a cópia de ilha da Sentosa em Singapura,
E ainda fomos a tempo de comemorar o ano novo chinês,
E de provar o Yu Sheng, podem ver aqui o significado desta tradição chinesa, 
E por hoje foi tudo! Prometo contar o resto da viagem brevemente!

Para os mais interessados, deixo aqui um bocadinho de história...

A história desta cidade começa com o princípe hindu, Parameswara, que estava à procura de um novo lugar para ele e os seus seguidores criarem um “novo” reinado. Diz a lenda, que por volta do ano 1.400, as margens do rio Bertam, Parameswara avistou um veado branco (pelanduk) dando coice num dos seus cães. Impressionado com tal gesto de bravura do animal, decidiu que ali seria o local perfeito para construção da sua cidade e a nomeou Melaka, que era o nome na árvore na qual estava a descansar.

Na realidade, a localização era ideal para ser o centro das transacções comerciais entre a China, India, Java e o Oriente. Tendo isso em conta, em 50 anos Malaca cresceu, fortificou-se e ganhou uma população com mais de 50.000 habitantes. Durante essa altura, com o forte relacionamento entre os povos do oriente, o Islamismo foi introduzido na região e se tornou a religião oficial da cidade, substituindo o hinduismo.

Os principais produtos comercializados eram: seda e porcelana (China), tecido (India) e vários tipos de especiarias e metais vindos de Borneo, Timor, Moluscas, Sumatra e oeste da Malásia.

Afonso de Albuquerque chegou a a esta cidade em 1511, ávido por especiarias e pelo domínio de rotas comerciais. Quinhentos anos depois, são alguns os vestígios da passagem dos portugueses. Na base do monte de S. Paulo, a Porta de Santiago sobrevive graças a Sir Stamford Raffles – fundador de Singapura – que fez questão de não a deixar destruir (obrigada, Sir Raffles!). Esta porta em ruinas é tudo o que resta da antiga fortaleza – A Famosa – construída por Afonso de Albuquerque em 1512 e, mais tarde, destruida pelos britânicos, em 1807. No topo do monte, encontra-se ainda uma igreja em ruínas, a igreja de S. Paulo, erguida em 1521.
 S. Franscisco Xavier, fundador da Ordem Jesuíta que esteve aqui sepultado durante 9 meses, antes do seu corpo ser trasladado para Goa, onde ainda hoje se encontra. No interior do recinto existem várias pedras tumulares encostadas às paredes com inscrições em inglês, holandês e português. 

Depois de 8 meses de cerco, em 1641, os Holandeses tomaram Málaca e iniciaram o processo de re-construção da cidade por outros 150 anos… Em 1795, foi cedida aos britânicos, passando a ser governada pela Companhia Britânica das Índias Orientais, por 3 anos, durante a segunda Guerra mundial, os japoneses também tiraram umas lasquinhas, e finalmente se tornou parte da Malásia em 1957.
Espero que tenham gostado, os amaritos adoraram saber esta parte da história portuguesa!

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